Fernando Henrique diz que ONGs têm praticado
assalto ao Estado
Ex-presidente credita problema em convênios à
falta de fiscalização
Flávio
Freire
Publicado: 9/12/11 - 19h06
Atualizado: 9/12/11 - 19h12
SÃO PAULO - O ex- presidente Fernando Henrique
Cardoso fez, nesta sexta-feira, duras críticas à falta de fiscalização em convênios
do governo com Organizações Não Governamentais (ONGs). Em sabatina promovida
pelo jornal Folha de S. Paulo, onde lançou o livro “A Soma e o Resto”, FH disse
que o governo deveria ser mais cauteloso no contrato com esse tipo de
instituição. Segundo ele, o que está acontecendo é um assalto ao Estado.
- O problema
não é das ONGs, mas de convênios que não têm fiscalização, não obedecem a lei
nenhuma. Estão dando oportunidade para essas ONGs assaltarem o Estado. - disse
o ex- presidente, em rápida entrevista após o evento. Fernando Henrique
preferiu não entrar no debate sobre as denúncias contra o ministro do
Desenvolvimento Fernando Pimentel.
Perguntado
se a situação de Pimentel poderia ser considerada a mesma enfrentada por
Antonio Palocci (ministro da Casa Civil), ele disse que não tinha elementos
para tratar do assunto, mas fez uma ressalva:
- Agora, tem
que ver o que é consultoria e o que é advocacia administrativa - disse FH,
citando a hipótese em que uma pessoa possa ter acesso a informações privilegiadas
de um governo.
Sobre o
PSDB, do qual faz parte, Fernando Henrique reforçou o discurso que ele tem
reiterado nos últimos tempos, de que o partido tem que se estruturar mais.
Outro ponto reforçado durante a entrevista foi sua tese em defesa da descriminalização
da maconha e do aborto.
Ao lembrar
da passagem do livro em que destaca a ausência de pessoas próximas, Fernando
Henrique se emocionou ao lembrar do convívio com a mulher Ruth Cardoso, morta
em 2008, aos 77 anos.
- Quando se
chega a essa altura da vida, eu percebo que sou um sobrevivente. Tenho amigos
que conheço a 60 anos, mas a gente vai perdendo muita gente. E aí o coração
aperta e para isso não tem solução, não há consolo. Mas quando você tem uma
relação forte com uma pessoa, como foi com a Ruth, por todos esses anos, essa
pessoa não vai embora, toda hora isso volta e você tem que ter essas pessoas
dentro de você, como termo de referência. Estou me referindo a Ruth, mas também
ao meu pai, à minha mãe e à minha irmã. A vida tem picos e glórias, mas também
é difícil e tem que ter um apoio. A Ruth continua sendo um apoio para mim até
hoje - declarou.
No momento
mais descontraído da sabatina, FH foi perguntado se estava apaixonado pela
namorada, Patrícia Scarlat.
- Veja se
isso é pergunta. Eu sou um ser humano como todos os outros. Sou um velho de 80
anos, mas estou bem. Agora, sou um líder político e não sou favorável a essa
mania de “abrir o jogo”. Se eu estou apaixonado ou não é problema meu e ninguém
tem nada a ver com isso. - disse FH às gargalhadas.